São ricas, vastas e com grande história as tradições desta pequena aldeia nortenha, que prevalecem de pé graças à ainda, mas escassa união do povo que mostra o seu gene e a sua garra através da cooperação colectiva de toda a aldeia.
Estas nossas tradições remotam de tempos passados, desconhecidos cronologicamente, mas que se sabe pela cultura deixada pelos nossos antepassados que foram imprescindíveis a imagem que hoje Friães dá aos seus e a todos.
Assim se tornou e vive mais rica culturalmente esta nossa aldeia, em que é essencial sublinhar o quão importante é a continuação destas tradições para a sobrevivência e sustentabilidade deste paraíso escondido que é Friães.
Entre todas as tradições e curtumes salientam-se as tradições religiosas, em que a mais venerada é sem duvida a festa da aldeia em nome da senhora da saúde que se celebra todos os anos no 3º domingo de Julho graças a toda ajuda do povo Friaensense que mais que nunca se une nesta data.
Ainda falando de religião temos a celebração de Santo António que se celebra dia de corpo de Deus, sempre à quinta, ao contrario de outros locais que se venera a dia 13 de Junho. Esta celebração foi enriquecida aquando a construção do nicho de santo António colocado na estrada de nossa senhora da saúde à entrada da aldeia.
Continuando com religião temos ainda a universal celebração da ressurreição de Jesus, ou seja, a celebre pascoa, que também ao contrario dos outras províncias se celebra no domingo de pascoela (domingo seguinte à pascoa). nesta data tal como noutros locais há a visitação do padre as casas da aldeia para que estas sejam benzidas e protegidas dos males do diabo.Domingo anterior celebra-se o domingo de ramos em que as pessoas colectam um ramo azevinho, loureiro, hedras, alecrim e oliveira para levar à igreja para benzer, servindo posteriormente para proteger das trovoadas, através da queima do ramo.Usam-se estas rezas a santa Barbara e São Gregório para afugentar as trovoadas: santa barbara bendita que no céu esta escrita com a sua torrinha na mão peço a nosso senhor que não venha mais trovão
chagas abertas coração feliz espirito santo nosso senhor jesus Cristo se meta entre nós e o perigo
são Gregório se vestiu e se calçou suas mãos benditas lavou seu carreirinho andou no meio do seu caminho lhe perguntaram pra onde vais são Gregório vou arrematar as trovoadas pra onde não haja pão nem vinho nem areinhas do mar
Santa Barbara bendita que no céu esta escrita com um raminho de agua benta até passar esta tormenta barborinha barbarão pela barquinha passou barbara tu onde vais? ó senhor eu ao céu vou desmanchar a trovoada que vós lá tendes armada pois vai passa co ela ao mar marinho onde não haja pão nem vinho nem bafo de menino nem areinha de sal nem coisa que faça mal pela graça de deus e da virgem Maria padre nosso avé Maria Falando em santos e diabos, podemos-nos orgulhar de ser das poucas aldeias de Portugal, com a tradição de queimar o entrudo no dia de Carnaval, Do sabae da matança do galo no domingo gordo,matança essa em que o povo se junta para sacrificar um galo enterrado no solo ficando só com a cabeça de fora, nisto todos os habitantes que quiserem participar pagaram para tentarem matar o mesmo, o problema e que pra o poderem fazer terá que ser de olhos vendados e tontos de tantas voltas que dão antes de tentaram ir ao encontro do galo. depois do participante tonto dá-se-lhe a moca pra matar o galo e espera-se que ele falhe por muito a cabeça do animal, dando assim a vez ao participante seguinte. Esta é uma das tradições mais alegres emotivas e ÚNICA que nos orgulhamos vivamente de ter.É na Terça feira de Entrudo que a rapaziada nova se junta e se Encarta com trajes e mascaras para percorrer a aldeia de casa em casa procurando bondade dos mais idosos em dar alguma coisa pra matar o bicho,findo isto a juventude junta-se no centro da aldeia para ai se celebrar a sacrificação fictícia de um espantalho de palhas e trapos a que se dá o nome de entrudo ou Artuzinho, morto o Arturinho o povo encartado chora a morte da alma amaldiçoada e é assim que se livra a aldeia do demónio,segundo as crenças.
É também nossa tradição única o BURRO DOS CHOCALHOS, muitos o conhecem mas poucos sabem a sua identidade ou mesmo a sua origem, origem essa também pelo povo de Friães desconhecida mas que todos os anos se perguntam sem obter resposta, qual será a historia, a origem desta tradição, deste traje, deste símbolo de Carnaval por muitos já esquecido e por outros nunca conhecido. Talvez uma lenda uma historia que explique a existência deste desconhecido traje magico, algo que não vem escrito nem data em nenhum documento.Contam-me os meus familiares mais antigos que pela altura do Carnaval e quase um mês antes do dia de Entrudo, já a malta nova saia à rua ao cair da noite e mesmo durante o dia encartados com caretas e trajes improvisados com o que havia na época que não era assim tanto(um pedaço de palha meia dúzia de trapos e uns varasses davam perfeitamente para fazer a festa) e já encartados nos palheiros onde se reuniam e encartavam dai saiam para começarem mais uma arruada pela aldeia batendo de porta em porta na esperança de conseguirem uma chouriçinha ou um qualquer doce para repartirem por todos e matarem o bichinho. No meio disto pela altura do domingo gordo aparecia do meio do nada o tão temido burro dos chocalhos, um traje feito geralmente em madeira transportado por uma só pessoa(naqueles tempos era a pessoa que tinha um careta chamada "o Bravo")imitando o mais possível um burro sendo depois enfeitado com trapos e com chocalhos, além disso nessa época era ainda equipado com pregos e tachas para intimidar aqueles mais destemidos. Só em ouvir falar já metia medo,bastava dizerem"vem ai o burro dos chocalhos", já era suficiente pra por toda a gente a fugir tanta era a sua fama. Com os tempos foi-se esquecendo um pouco esta tradição, mas para alegria nossa já se tem voltado a recriar este traje nos últimos anos e cada vez com mais perfeição e brio. Ainda dentro do mesmo também nos Reis se usava cantar esperando umas chouriças no saco e umas côdeas de pão duros, mas só apanhavam umas nozes e uns figos, mas isso era antes já que agora já não há motivação nem grande união para essa época.É ainda costume dizer-se "BOAS FESTAS QUE ME HADES DAR OS REIS" quando se vê um pessoa no dia de Reis, a primeira a faze-lo ganha os Reis à outra.
Deixo-vos umas quadras pra não serem esquecidas ou serem recuperadas.
Venha cá senhor José Raminho de salsa crua Debaixo da sua cama Põe-se o sol e nasce a lua
Se nos quer dar os reis Não nos esteja a demorar Somos de muito longe Temos muito que andar
Ó que casinhas tão altas Forradas de papelão Levante-se minha senhora Dê-nos cá um salpicão
Se a casa não oferece nada, cantam assim: Vamo-nos daqui embora Não nos estamos a demorar Estes barbas de farelo
Não têm nada que nos dar. Canto-lhe os reis Do qui riqui Se não me dá nada Cago-lhe aqui
No S. João ainda se usa a tranca das ruas com paus, carroças e tudo o que houver à mão, também aconteciam coisas estranhas durante a noite como carros de bois em cima do telhado do forno ou o sino que começava a tocar por obra de um burro amarrado por uma corda.
Em Maio dia 1 usa-se colocar flores de gesta nas casas e nos carros para espantar o bruxedo.
Jogos, Brincadeiras, desafios, quem vive sem eles? Fazem eles parte da nossa tradição, também aqui temos os nossos jogos e passatempos muitos deles com muita historia, mas também já muito esquecidos.
Sem Grandes elaborações menciono alguns dos ainda não esquecidos jogos da nossa aldeia.
.-JOGO Da MALHA- um dos jogos que ainda se pratica na aldeia composto por 4 malhas e dois mecos. cada equipa de 2 jogadores tem que a uma distancia entre 15, 20 metros conseguir tombar com as malhas ou pelo menos conseguir o mais perto possível do meco.A mecada vale 3 pontos e cada malha perto do meco 1.Ganha uma partida quem conseguir 31 pontos,ganha o jogo quem ganhar 2 partidas ou seja a "negra".Uma partida e chamada de "Branca"
.-JOGO DO MALHÃO-joga-se com uma pedra de dimensões medias mais ou menos do comprimento de meio braço e consiste no lançamento da mesma por parte dos jogadores de uma linha estipulada. O jogador que conseguir lançar mais longe ganha e é aclamado como o campeão sendo assim respeitado pelo seu acto.
.-JOGO DO TRUCO-É um jogo de cartas um pouco complexo mas muito admirado por quem joga e gosta.Tem umas regras um pouco diferentes dos outros jogos; 2 equipas de 3(ou 4 sendo neste caso chamado xincalhão e tendo outras cartas de valor) cada jogador recebe três cartas e o objectivo é fazer duas mãos recorrendo à palavra "truco" pra levantar a parada de pontos em questão para 3,se a equipa adversaria vê que é blafe ou que tem melhor jogo pode mandar jogar ou então por a 6 podendo a outra por a 9 e novamente a outra a 12.Uma partida termina aos 12 pontos.Aos 11 não se pode trucar e a equipa com 11 tem que mostrar a melhor carta de cada jogador excepto um ("pé").Aos mesmos 11 se a equipa com 11 decide ir a jogo e perde a equipa adversaria ganha 2 pontos ao invés de 1.Há ainda os Sinais que se usam dentro da equipa pra dar a conhecer aos parceiros o jogo, mas isso agora e muita coisa, talvez num link aparte haverá uma demonstração do jogo
As Cartas de Valor são: (2 de paus: menina de copas: 5 de ouros) para o xincalhão seguidas das do truco. Para o truco de seis: menina de ouros: valete de paus: 5 de paus: 4 de paus: 7 de copas: ás de espadas: 7 de ouros: ternos: duques:
.-JOGO DA CHOCA-um jogo já não praticado, mas que muita gente o chegou a praticar, "era feita uma buraca com quatro nixos (buracos pequenos) á volta e em cada nixo um jogador, dependendo dos que havia com um pau cada jogador. Depois um dos colegas ia jogar a choca (pau redondo de um torgo de urze) para a buraca só quando a mete-se é que voltava para o seu sitio, a pessoa que andava com a choca teria que apanhar o nicho a um dos colegas para assim se safar de correr atrás dela porque se não iria meter o traseiro na buraca com um monte de tojos lá dentro só assim se obrigava a cumprir o jogo até ao fim.ão
-JOGO DO FERRINHO/ESPETO- jogo em que cada jogador tinha um pau afiado na ponta ou espeto e com ele teria que atirar à terra espetando-o verticalmente,dai à vez os restantes teriam que tentar derrubar os espetos adversários podendo assim pegar no espeto do adversário e manda-lo para longe, e se a pessoa que lançou o pau conseguisse espetar três vezes o pau na terra sem que o outro chega-se a tempo de apanhar o pau mandado,este perdia e saia do jogo.
-JOGO DO BOTÃO ou SAPATEIRO ou TRÊS PONTINHOS-Neste jogo somente podem jogar dois elementos de cada vez. Os materiais utilizados são três paus e três pedras, que se encontram sobre um quadrado dividido por linhas oblíquas, horizontais e verticais. O objectivo do jogo é que quer o jogador dos paus, quer o jogador das pedras tem de formar uma linha oblíqua, na horizontal ou ainda na vertical, e o primeiro a finalizar é o vencedor.
JOGO DA MACACA-jogo é constituido por vários elementos. Cada elemento possui uma malha com o qual irá jogar. A patela é possuidora de vários níveis, ao qual cada elemento terá de os ultrapassar um de cada vez, pois terá como regra lançar a malha para cada nível ascendentemente e percorre-la de cada vez que lançar a malha. Quem não ultrapassar todos os níveis poderá e terá de começar tudo novamente. O vencedor será aquele ou aquela que concluir o jogo.